Sintamo-nos todos do mesmo lado de um objetivo maior. Para que o silêncio e a solidão de milhares de raparigas e rapazes por Portugal inteiro vá deixando de existir. Para que nos sintam verdadeiramente ao seu lado.

De repente, de quatro em quatro anos… vem um ruído desabrido, um sobressalto geral que espanta e assusta, ou não fosse tão atrevida a ignorância.
Desportivamente Portugal vive na idade da ignorância.
Não das federações, não dos atletas, não das equipas. Mas de tudo o resto, de tudo o que não são elas e eles.
Os pais deles sabem, os avós tantas vezes também. Eles e elas e os seus colegas da mesa do lado. Saco em cima da mochila, gorro para o frio da noite. Na maioria das vezes boas notas e uma vida além da vida daquele e daquela adolescente. A vida do desporto. De qualquer desporto.
A era do silêncio e da ignorância precisa de terminar. É nossa obrigação acabar com elas. De vez! E é isso que vamos fazer.
A honra que sinto por suceder a um dos maiores pensadores da história do Desporto português de sempre, José Manuel Constantino, é proporcional à responsabilidade que tenho de dar vida ao seu legado e à sua visão.
Que ninguém se esconda: Estado, empresas, comunicação social.
Sintamo-nos todos do mesmo lado de um objetivo maior. Para que o silêncio e a solidão de milhares de raparigas e rapazes por Portugal inteiro vá deixando de existir. Para que nos sintam verdadeiramente ao seu lado.
É nosso compromisso de honra prosseguir um caminho seguro de afirmação da mulher e lutar, sem rodeios, contra qualquer tipo de discriminação.
É nosso compromisso afirmar a centralidade do atleta no sistema desportivo.
Para isto acontecer não há lugar nem tempo para nos escondermos. Nem o Comité Olímpico, nem as federações, nem o Estado, nem as empresas nem a comunicação social.
Da cultura desportiva e do compromisso com o desporto nasce o fim do tal silêncio com o qual, todos juntos, temos de acabar.
Nenhum grande atleta ganha sem antes perder muitas vezes e resistir a esse “peso”. Da solidão, do silêncio, da ignorância e da derrota.
E se os nossos campeões, os que já foram e continuarão a ser e os que ainda não foram, mas vão ser, se fortalecem em cada momento de sofrimento, nós teremos de estar ao seu nível.
Aqui, ninguém baixa os braços, nem vira a cara a dificuldades.
Estamos no caminho do espírito e dos valores olímpicos. É a eles que recorreremos sempre: Amizade, Respeito e Excelência.
Pelo Olimpismo, pelos nossos atletas e por Portugal!
FERNANDO GOMES
Presidente do Comité Olímpico de Portugal